De pequenino é que se torce o violino
Há um Beethoven
para todo o mundo,
de Nantes a Lisboa,
de Bilbao a Tóquio.
Há uma Beethoven em festa,
nas nossas cidades,
ao alcance de todas as bolsas
e de todas as idades.
Há quem, egoísta,
o queira só para si,
por menos de cinco euros.
Coitado do Pinóquio,
que tem ouvido de pau,
e que nunca andou no Conservatório Nacional.
E depois há quem se recuse a ir ao evento
como aquele melómano,
com assinatura anual no São Carlos,
que ia todos os anos a Berlim
só para limpar o ouvido…
Ah! que chique!
Felizes os melómanos
porque será deles o grande auditório
celestial.
A ucraniana,
que limpa os corredores
do Centro Cultural de Belém
e teve uma esmerada formação musical
no tempo do socialismo soviético,
está-se nas tintas
para o génio teutónico,
outrora disputado por Bona e Viena.
Há filas democráticas
e fileiras geriátricas
no grande templo da música.
E muitas meninas voluntárias,
de umbigo à mostra,
e úberes generosos,
na Missa Solene opus 123.
Gosto do meu país de gente gira,
e sem cera no ouvido,
mas do que eu mais gosto
é dos embevecidos papás
das sobredotadas criancinhas
que tocam violino
tão perfeitinho
como os papudinhos anjinhos do céu.
Porque, como diz a babada maestrina,
é de pequenino
que se torce o violino.
Luís Graça
Lisboa, CCB, 6ª edição da Festa da Música,
dedicada à Beethoven e seus amigos,
22-24 de Abril de 2005.
Versão de 1 de Setembro de 2007
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