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domingo, novembro 01, 2009

Blogpoesia(s) II - (82) Dizem que os amigos

Dizem que os amigos
devem ser para as ocasiões.
Todas as acasiões?
As boas e sobretudo as más ?
Que os amigos conhecem-se
na adversidade,
diz o provérbio.
Os amigos, os verdadeiros e os falsos,
conhecem-se nas ocasiões.
Que a adversidade é o teste da amizade.
A prosperidade traz amigos,
a adversidade os afasta,
diz o chinocas da minha rua,
que não tem amigos.
Que no céu se fazem amigos;
e no inferno, inimigos.
No aperto do perigo, conhece-se o amigo.
A verdade é um osso duro de roer,
até para o cão que roi o osso.
Que os amigos fazem-se,
praticando a amizade:
tal como os caminhos que,
se não se usam,
ganham espinhos, ervas, silvas, pedras, obstáculos.
Ou na versão de um velho homem grande africano:
A amizade é uma picada
que desaparece na areia ou no mato,
se não a usares todos dias
Não aceito que digas:
Amigo não empata amigo.
Por que o amigo é para se usar
e guardar.

A conselho amigo, não feches o postigo,
além de que
amigo diligente, é melhor que parente.
Mas atenção,
amigo disfarçado, inimigo dobrado.
E o que fazer ao migo que não presta
e à faca que não corta ?
Que se percam, pouco importa.
Também se diz que os amigos novos
metem no canto os velhos.
Os amigos têm prazo de validade ?
Ovo de uma hora,
pão de um dia,
vinho de um ano,
mulher de vinte,
amigo de trinta
e deitarás boa conta.
Amigo, vinho e azeite o mais antigo.
O vinho e o amigo, quer-se do mais antigo.
E por que é que os amigos dos meus amigos meus amigos são ?
Serão ou não…

Que sei eu ?
São tantas as ideias estereotipadas
sobre os amigos e a amizade.
Amigo verdadeiro vale mais do que dinheiro.
O próximo teste
é quando ganhares o Euromilhões.
Amigos, amigos, negócios à parte:
Quem te avisa, teu amigo é.
Quem seu amigo quiser conservar,
com ele não há-de negociar.

Mas... quem tem amigos, não morre na cadeia.
Um rico avarento, não tem amigo nem parente.
As boas contas fazem os bons amigos.
Ao bom amigo, com o teu pão e o teu vinho.
Ao rico mil amigos se deparam,
ao pobre seus irmãos o desamparam.
Aquele que me tira do perigo, é meu amigo.
Bocado comido não faz amigo.
Defeitos do meu amigo, lamento mas não maldigo.
Em tempo de figos, não há amigos.
Muitos conhecidos, poucos amigos.
Não há maior amigo do que o Julho com o seu trigo.
Olha, mulher, se não tens marido, não tens amigo.
Amigo mesmo é aquele que sabe o pior
a teu respeito
e assim mesmo continua a gostar de ti.
Quando uma pessoa perde dinheiro, perdeu muito;
quando perde um amigo, perdeu mais;
quando perde a coragem e a fé, perdeu tudo.
Difícil, minha querida Amiga,
é ganhar um amigo numa hora;
fácil é ofendê-lo
e perdê-lo num um minuto.

Hoje é o amanhã que tanto nos preocupava ontem
Nõo menos sábia é a sabedoria do mongol:
O vitorioso tem muitos amigos,
mas o vencido tem bons amigos.
E até o otomano, aprendeu à sua custa:
Quando o machado entrou na floresta, as árvores disseram:
- O cabo é dos nossos!
Resta-nos a doce memória do passado:
O que foi duro de sofrer
é agora doce de recordar.
Planta hoje a semente
para colheres amanhã a amizade
Ser amigo é ser geneoso,
é dar antes de te pedirem.
Se estás tão cansada que não possas dar-me um sorriso,
eu deixa-te o meu.
Volta teu rosto na direção do sol
para que as sombras fiquem para trás.
As lágrimas dos bons caem no chão,
Para poderem vir a engrossar os rios da revolta
e da indignação.
Inútil tentares juntar as tuas mãos
se elas não estiverem vazias, diz-se no Tibete.
Quando estás certo, ninguém se lembra;
quando estás errado, ninguém esquece.
Antes de começar o trabalho de mudar o mundo,
dá três voltas dentro de tua casa...
E sobretudo não esqueças:
Para os erros alheios temos os olhos de um lince;
para os nossos próprios, os olhos de uma toupeira.

segunda-feira, setembro 01, 2008

Blogantologia(s) II - (67): Se tens galinha perdês, não a mates nem a dês

Se tens galinha perdês, não a mates nem a dês

Como era simples a vida da camponesa
Que ia ao monte buscar lenha
No carro de bois.
Ou que, de saco à cabeça,
Ia levar o grão de centeio
À azenha.
E que abria as pernas, depois,
Ao seu homem e seu amo,
No meio do campo de milho.

Que quadro,
Que pintura,
Que beleza,
Tardo-naturalística,
O desta humilde portuguesa,
Sem rosto,
Sem nome,
Sem registo,
Sem trilho.
Sem a mística
Nem a estética do Movimento Nacional Feminino.
Porra e lenha,
É quanto a venha
.

Como era simples e brutal
A vida da mulher do campo
No tempo em que ainda havia
A distinção socioantropológica
Entre a cidade e o campo.
E havia o carro de bois,
E a maçã, biológica,
E o império colonial,
E a costeleta de Adão
E as criadas de lavoura eram violadas
Em cima da meda da palha de centeio.
Enquanto os bois gemiam
E as rodas do carro chiavam
E o abade pregava:
Freiras e frieiras
É coçá-las e deixá-las
.

Como eram imutáveis as leis
Que regiam as relações
Entre machos e fêmeas,
Entre fidalgos e rendeiros,
Entre donzelas e donzéis,
Entre soldados e capitães,
Entre ricos e pobres
Entre operários e patrões.
E cada um tomava o seu lugar
No desconcerto das nações
Ou no palco do teatro da vida e da morte.
Se queres conhecer o vilão
Mete-lhe o mando na mão.


Como era estupidamente alegre
A infância, breve,
No tempo em que a sardinha
Era para três.
E sobreviva o mais forte.
E o galo cantava
Para a galinha perdês.
E a vida fiava-se e tecia-se
Linha a linha.

Como era curta a vida,
A esperança de vida,
E certa, tão certa, a morte.
Muita saúde, pouca vida,
Porque Deus não da(va) tudo.

Ou noutra variante, feminista:
Se tens galinha perdês,
Não a mates nem a dês.

terça-feira, janeiro 01, 2008

(Pré-)Textos (3) - A arte de envelhecer com sabedoria e... sentido de humor no salto (que não queremos seja mortal) para o novo (!) ano de 2008

A arte de envelhecer com sabedoria e… sentido de humor, nos nossos provérbios ditos populares no salto... para o ano de 2008:

"A morte não escolhe idades"

"A saúde nos velhos é mui remendada"

"Até aos 40 bem eu passo, dos 40 em diante 'ai a minha perna, ai o meu braço' "

"A velhice não tem cura"

"Cabelos brancos, flores de cemitério"

"De quarenta arriba não molhes a barriga"

"Em uma hora se paga quanto se erra em toda a vida (Séc. XVI)

"Engorda o menino para crescer e o velho para morrer"

"Esta vida não chega a netos nem a filhos com barba"

"Esta vida são dois dias"

"Esta vida são dois dias e o Carnaval são três"

"Hoje com saúde, amanhã no ataúde"

"Hoje na figura, amanhã na sepultura"

"Hora de morrer não tem retardo"

"Mais vale andar neste mundo em muletas do que no outro em carretas"

"Mal vai à corte em que o boi velho tosse"

"Muita saúde, pouca vida, porque Deus ão dá tudo"

"Na era de 31, poucos moços, velhos nenhum"

"Na hora da morte não vale a pena tomar remédio"

"Não há moço doente nem velho são"

"O menino engorda para crescer e o velho para morrer"

"O tempo dá o remédio onde me falta o conselho"

"O tempo tudo cura "

"O tempo tudo cura menos velhice e loucura"

"Perde-se o velho por não poder e o novo por não saber"

"Por um dia de prazer um ano de sofrer"

"Porco de um ano, cabrito de um mês, mulher dos dezoito aos vinte e três"

"Prisca idade, priscos tempos" (1)

"Quem a trinta não tem siso a quarenta não é rico"

"Quem de novo não morre de velho não escapa"

"Quem faz em novo paga em velho"

"Quem se mata morto fica e, se não morre, entesica"

"Só uma porta a vida tem, enquanto a morte tem cem"

"Teme a velhice porque nunca vem só"

"Um dia pior, outro melhor"

"Velho não se senta sem 'ui', nem se levanta sem 'ai' "

"Velho que de si cura cem anos dura"

Recolha: Luís Graça

Graça, L. (2000) - Representações Sociais da Saúde, da Doença e dos Praticantes da Arte Médica nos Provérbios em Língua Portuguesa. Parte I : 'Muita Saúde, Pouca Vida, porque Deus não Dá Tudo'