sexta-feira, setembro 14, 2007

Blogantologia(s) II - (49): Roma, amor

Candoz > 27 de Agosto de 2007

Foto: © Luís Graça (2007). Direitos reservados.

Roma, amor

Roma, amor,
Aos quarenta e dois anos
Da era de Cristo.

Conheci-te entre o Paimogo e o Vale da Aosta
A caminho dos mares do sul.
Eram quatro e vinte da tarde.
Era praia-mar.
Eras tu.

E não era o sol, o sul,
Nem o cio, o rio quente
Que atravessava o teu corpo
Nem os fogos fátuos do verão adolescente.

Roma e amor
Antónimos são.
Amor leia-se Roma ao contrário.

Visto do Monte Branco,
Sereníssimo,
O planeta era habitável
Sem o Abominável Homem das Neves
Trancado no sótão da nossa infância
Mais a Branca de Neve e os Sete Anões.

Em Vila Real de Santo António
Comíamos chocos en su tinta
E o vinho branco seco
De Entre Douro e Minho
Fez-me, não sei porquê,
Lembrar o Rio Pó
E o amor que não fizemos em Verona
(Pobre Romeu e Julieta!).

E era verde Veneza
Como verde era o teu rio, o Douro,
E o milho, verde milho
Onde namorei uma rapariguinha.

Talvez não soubéssemos quando
Mas desde sempre, digo-te,
Te amei
Ou deveria amar-te
Se acaso te conhecesse antes
Da era de Cristo
Do ano de quarenta e dois
Em Roma
(ou algures, na Serra do Soajo,
Na Amarela, na Peneda ou no Gerês).

Em Roma,
(Ou foi na Toscânia,
Às portas de Florença?)
Bebi do teu leite,
Bebi do teu vinho.

E entre Bordéus e Paris
Não saías da autoestrada
Do meu pensamento.

Em Roma, amor,
Aos 42 anos,
Ao quilómetro 42 da tua, nossa, vida!

Luís Graça
18 de Agosto de 1987.

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