Nestes dias em que flui a música,
Viajo romântico ma non troppo
Do Atlântico aos Urais,
Pelo silêncio fatigado
Dos grandes vales e rios,
Das docas e dos cais,
da Europa.
Há uma orquestra sinfónica,
Ucraniana,
Decadente,
Macambúzia,
A tocar Schuman
No meio das ruínas do terramoto.
Nunca suportei
Os orgasmos colectivos
Dos finais das sinfonias.
Nem o Bela Bartok
A martelar as teclas do piano.
Muito menos o Hino da Alegria.
As palavras não tem corpo
Nem cores
Nem cheiros.
O primeiro violino é careca
E o maestro maneta.
Ou marreta.
E o público cego, surdo e mudo.
Alguém gritou:
- Siga a banda!
Alguém disse:
- O rei vai nu.
O comissário e o curador garantem:
- O povo é quem mais ordenha!
E o grafiteiro escreveu nos muros do Palácio do Rei:
- A Kultura, imbecil! A Kultura…
segunda-feira, fevereiro 15, 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Eu gostei da sofisticação das suas imagens poéticas. Uma maneira cult de se guiar o barco pelas águas da poesia.
Enviar um comentário