Foto: © Luís Graça (2007). Direitos reservados
Obsessivamente o mar
da tua infância.
E as criaturas que o povoavam:
A Sereia
e a sua melopeia,
o seu canto de cigana,
fatal,
a sua rede,
onde afogava os seus pobres amantes,
depois de os arpoar com o seu tridente,
como se fossem lagostas suadas
nas mãos da chefe de cozinha;
A Baleia Azul, com a sua enorme bocarra,
que te transportava no ventre,
qual submarino,
até os mais recônditos e inóspitos lugares
do centro da terra em fogo;
O monstro, o terrível Adamastor,
que aterrorizava os teus pobres patrícios e parentes,
os Maçaricos de antanho,
marinheiros e pescadores,
agrilhoados ao cavername das caravelas;
A feiticeira Atlântida,
a cidade de som e luz,
que sempre fascinou os pobres povos ribeirinhos;
O Pirata de Perna de Pau e Cara de Mau,
que desembarcava na costa,
incendiava, estripava, matava, violava…
Ou comes A sopa
ou Eu chamo o Pirata de Perna de Pau…;
A Passarola Voadora
que te catapultava para o Novo Mundo,
para os paraísos tropicais,
os canibais,
os praias de palmeirais e de corais,
os macacos e os leões;
O Búzio Gigante,
que podia ser o teu ursinho de peluche,
mimado,
e que era também o teu carrocel marinho,
alucinante
e alucinado;
E por fim o Moínho do Tio Xico Marteleira
que te fazia mover as ondas
e regulava as marés…
e os teus sonhos de criança
e os teus pesadelos
nas noites de invernia.
Ah!, como o mundo era perfeito
Na tua infância.
Sem comentários:
Enviar um comentário